segunda-feira, 13 de outubro de 2025



 O Palavras Aladas vai entrar num período de pausa.





Volto em breve.

            Juvenal Nunes


segunda-feira, 6 de outubro de 2025

 

TERTÚLIA DO AMOR 3




Leitura a Dois

Lendo um livro em conjunto
Ao ar livre na montanha
Mostra bem a sintonia
Do teu corpo ao meu bem junto,
Numa só alma tamanha
Duma vida em harmonia.

Juvenal Nunes





  A convite da amiga Rosélia aqui fica a minha participação ao desafio proposto.


segunda-feira, 29 de setembro de 2025



O SIMBOLISMO

CRUZ E SOUSA





Alma solitária

Ó Alma doce e triste e palpitante!
que cítaras soluçam solitárias
pelas Regiões longínquas, visionárias
do teu Sonho secreto e fascinante!

Quantas zonas de luz purificante,
quantos silêncios, quantas sombras várias
de esferas imortais, imaginárias,
falam contigo, ó Alma cativante!

que chama acende os teus faróis noturnos
e veste os teus mistérios taciturnos
dos esplendores do arco de aliança?

Por que és assim, melancolicamente,
como um arcanjo infante, adolescente,
esquecido nos vales da Esperança?!

Cruz e Sousa




        João da Cruz e Sousa é um poeta brasileiro nascido em 24 de novembro de 1861 e falecido
em 19 de março de 1898.
        Falecido embora prematuramente, o seu talento poético reconhece-o como o primeiro e
principal expoente do simbolismo no Brasil.

segunda-feira, 22 de setembro de 2025

 POETAS DE PARABÉNS

NICOLAU TOLENTINO




Cegueira de Amor

Fiei-me nas promessas que afetavas
Nas lágrimas fingidas que vertias,
Nas ternas expressões que me fazias,
Nessas mãos que as minhas apertavas.

Talvez, cruel, que, quando as animavas,
Que eram doutrem na ideia fingirias,
E que os olhos banhados mostrarias
De pranto, que por outrem derramavas.

Mas eu sou tal, ingrata, que, inda vendo
Os meus tristes amores mal seguros,
De amar-te nunca, nunca me arrependo.

Ainda adoro os olhos teus perjuros,
Ainda amo a quem me mata, ainda acendo
Em aras falsas, holocaustos puros.

Nicolau Tolentino









De seu nome completo Nicolau Tolentino de Almeida, nasceu em Lisboa, em 10 de 
setembro de1740 e faleceu, na mesma cidade, em 23 de junho de 1811.
        Foi uma figura de relevo da Nova Arcádia. Bom metrificador e grande sonetista apresenta 
                       um estilo simples e coloquial. É tido como um dos maiores satíricos do século XVIII.

segunda-feira, 15 de setembro de 2025

 POEMAS POR TEMAS

AS VINDIMAS




Tema: As Vindimas

A vindima de Eros

E de novo este céu desenrola a sua matéria
de outono. Com a precisão do vindimador, agarro
as suas vides e corto os cachos de névoa que
caem sobre a terra. Ponho-os no carro do poema,
e levo-os para a adega abandonada do sonho
para os transformar num vinho de palavras
feitas com as sílabas mais líquidas, as que se
podem beber pela taça da estrofe. E um fumo
da antiga inspiração evola-se da cuba
dos mistérios. As raparigas descalças, com
os seus aventais de sol, sobem para o lagar
e pisam as uvas. O cheiro do sumo sobe
até ao fundo da sua cabeça, e antes que fiquem
tontas começam a contar as memórias perecíveis,
as que nasceram de uma fuga noturna
pelos campos impunes do estio. Espero
que acabem o seu trabalho, e vejo-as sair com
as pernas roxas até aos joelhos, e as saias subidas
até às coxas. Os seus olhos rodam como
as velas de um moinho ébrio de vento; e
abrem os braços à luz, como se desejassem
que ela limpasse os seus corpos da espuma
que os envolve. E canto esses corpos, como
se elas me pedissem que transformasse
o mosto dos seus lábios no vermelho puro
da madrugada. Assim, uma levada de versos
recitados nos rituais da origem inunda
os seus seios e restitui-lhes a brancura inicial,
enquanto me obrigam a beber os líquidos
que os seus pés destilaram. E apenas lhes peço,
quando vestem as suas túnicas de nuvem,
que atravessem de novo as videiras decepadas
e abracem os vindimadores, beijando-os,
para que eles provem o vinho novo dos seus lábios.

Nuno Júdice




        Nuno Júdice é o nome de um poeta português nascido em Portimão, em 29 de abril de 1949 
e falecido em Lisboa, em 17 de março de 2024. Foi também ensaísta, ficcionista e professor universitário.
        Tem uma vasta obra publicada o que lhe valeu a atribuição, em 10 de junho de 1992, do grau 
de Oficial da Ordem Militar de Sant`Iago da Espada.

sexta-feira, 5 de setembro de 2025

 TERTÚLIA DO AMOR 2




Amor dançante

Ao som de qualquer canção,
No ritmo do coração
Em música que inebria,
O casal em sintonia
Corpo e alma em aliança
Vibra nas voltas da dança.

Juvenal Nunes





        A convite da amiga Rosélia aqui fica a minha participação ao desafio proposto.


sexta-feira, 29 de agosto de 2025

 O SIMBOLISMO

AUGUSTO GIL



             


A MÁSCARA

Por acaso, parou na minha frente,
De loup e dominó de seda negra,
Uma mulher de olhar resplandecente
E mento breve de figura grega.

Tomei-lhe as mãos esguias entre as minhas...

E os seus olhos doirados reluziram
Como os punhais ao sol, quando se tiram,
Aguçados e frios, das bainhas.

— Máscara, quem és tu?

— E tu quem és?...

— Um homem que te viu e te deseja...

E um riso vago, de desdém talvez,
Floriu na sua boca de cereja.

Ergui-lhe as mãos ascéticas. Beijei-as.

Em vibrações entrecortadas, secas,
Tiniam taças irisadas, cheias.
E uma frase de amor, toda em colcheias,
Vibrava nas arcadas das rebecas.

Levei-a para o vão duma janela.
— Máscara, quem és tu?

— Para que insistes?...

Outro riso subiu da boca dela
Aos olhos enigmáticos e tristes.

E descobriu a face. No capuz
Emoldurou-se um rosto lindo e sério.

Que diferente porém do que eu supus!

A gente nunca deve entrar com luz
Nos divinos recantos do mistério...

Augusto Gil






        Augusto Gil nasceu no Porto, Lordelo do Ouro, em 30 de junho de 1870 e faleceu em Lisboa,
em 26 de fevereiro de 1929. Viveu grande parte da sua vida na Guarda, que influenciou muitos
dos seus textos poéticos.
        O seu trabalho literário faz dele um grande influenciador da sua geração.
        A sua maestria poética foi reconhecida com a atribuição do grau de Grande-Oficial da Ordem
Militar de Sant´Iago da Espada, em 14 de fevereiro de 1920.